Manifesto da torcida

Nós não sabemos o porquê de termos escolhido o São Caetano. Não era o time da mídia e nem ao menos, para uns, era o time da cidade. Qual de nós nunca recebeu estranhamento ao revelar o time do coração? São coisas da natureza humana. Já víamos algo de grandioso desde aqueles pioneiros times. Saímos da A-3 e chegamos ao êxtase do título paulista de 2004, passando por duas finais de Brasileirão e uma de Libertadores. Da bicicleta de Túlio até o gol de Mineiro. O time de operários que encantou o Brasil. O Pequeno Gigante. Esse era o simpático Azulão e a sua identidade inconfundível. Quantas histórias temos para contar. Utilizamos as nossas próprias forças, formamos os nossos próprios ídolos. Aqueles esquadrões mostraram para o mundo toda aquela grandeza. Nossa maior virtude era o planejamento, a raça, o amor ao clube. Muitos de nós, talvez até a maioria, apaixonaram-se por tudo isto e recrutaram-se para constituir o nosso exército azul. Muito de nós sucumbiram a partir daquele famoso gol de Adhemar. E não só na alegria estaríamos presentes. Choramos o leito do saudoso Serginho, choramos o rebaixamento de 2006. Porque, mais do que a alegria da vitória, existe o amor incondicional.

O sentimento hoje existente é que torcemos por outro clube. Torcemos para um São Caetano refém de mercenários. Vemos apenas uma aliança entre quotistas, empresários e jogadores na busca por anseios pessoais, sem a menor importância com o nosso clube, com a nossa história, com nós. Cansamos de quase todo dia ler sobre os esquemas entre os citados, sobre as demissões mal explicadas, sobre contratações mercenárias, sobre interferências em escalações. Temos vergonha desta diretoria mesquinha. Temos vergonha de que gente boa e que ama o clube sejam enxotados como meros objetos. Temos "ódio" de determinados jogadores. Temos vergonha de toda essa mediocridade  Cadê o amor ao clube? Cadê o planejamento? Cadê o orgulho? Cadê aquele algo de grandioso? Não temos mais nada disso. A única coisa que restou foi esse amor incondicional do nosso coração bobo de torcedor. Coração que resiste em acreditar em algo que parece cada vez mais utópico. E saiba que estas lágrimas que caem são da nostalgia de um clube que está acabando, da nostalgia de um clube que era o orgulho da sua cidade, o nosso próprio orgulho.